Elastografia ARFI e Shear Wave: Conceitos e Aplicação

A tecnologia ARFI e Shear Wave consiste em um método para estudo da rigidez dos tecidos através do princípio físico das ondas de cisalhamento. Este método é baseado na seguinte tecnologia: O transdutor emite um pulso sonoro que irá provocar deformação no tecido estudado.

A tecnologia Strain, ou compressão manual, consiste em um método considerado de difícil reprodutibilidade e operador-dependente, pois se baseia no princípio da compressão manual com o transdutor. Eu escreví uma postagem específica sobre esse assunto, se você não leu ainda, ele está aqui no Blog

As tecnologias ARFI e Shear Wave são usadas para estudos de eletrografia hepática para estudos de lesão difusa, é um método indolor, não invasivo e de menor custo se comparado com a biopsia hepática. Hoje a biopsia é considerada padrão ouro para estadiamento da fibrose, mas hoje temos uma série de estudos que evidenciam acurácia da elastografia hepática por ultrassom, inclusive indicam que a especificidade e sensibilidade do método próximos ao padrão ouro.

Vamos voltar aos princípios e fundamentos deste método: A elastografia hepática é capaz de analisar a fibrose através da medida da velocidade de propagação de ondas ultrassonográficas que atravessam o fígado. Quanto mais enrijecido o fígado em função da evolução da fibrose, maior será a velocidade de propagação das ondas. Assim sendo o resultado obtido nesses estudos informam a velocidade de transmissão deste pulso. Este pode ser entregue no laudo com o valor em pressão medida em kPa (Kilo Pascals) ou em velocidade m/s.

Hoje existe em equipamento chamado Fibroscan, que utiliza ultrassom para análise de fibrose hepática. Este método é denominado elastografia transitória. Este não é um equipamento convencional de ultrassom, que realiza exames com imagem em modo B, modo M e estudos de doppler. O fibroscan tem um transdutor de frequência fixa, que entrega como resultado a propagação deste pulso em kPa (Kilo Pascals) que é uma unidade de pressão, então, quanto maior for a pressão, menor será a elasticidade a maior será o grau de fibrose.

Com relação aos equipamentos de ultrassom convencionais, produzidos pelo principais fabricantes temos a elastografia ARFI e Shear Wave:

A tecnologia ARFI é um método para quantificar as propriedades mecânicas do tecido sem compressão manual. Neste método a velocidade da onda de cisalhamento induzida por radiação e propagação acústica do tecido. Esta técnica foi desenvolvida pela empresa Siemens e está disponível em vários equipamentos de ultrassonografia no mercado. A região de análise é um retângulo de 10 × 50 milímetros, que pode ser reposicionado na imagem em modo-B até uma profundidade de 80 mm a partir da superfície da pele.

A tecnologia Real Time Shear Wave foi fabricada pela empresa SuperSonic Imagine, e hoje está presente em equipamentos de diversos fabricantes. Seu funcionamento se baseia na medição da velocidade de propagação de ondas de cisalhamento: como na tecnologia ARFI, o operador não realiza uma compressão manual. A ARFI baseia-se na geração de um pulso (radiação acústica) no tecido para criar a onda de corte. O transdutor de ultrassom produz uma radiação acústica localizada para aplicar uma força no tecido de interesse. Esta radiação acústica induz uma onda de cisalhamento que então se propaga a partir deste ponto focal. Dessa forma, vários pontos focais são gerados quase que simultaneamente, numa linha perpendicular à superfície da pele do paciente.

Neste post eu falei sobre a aplicação e o funcionamento da elastografia ARFI e Shear Wave. Como o assunto é bastante extenso, em breve farei mais uma postagem sobre o assunto, e nesta eu irei abordar a diferença entre as tecnologias. Deixe o seu comentário! Até a próxima!

Referências:

BRASIL (2013). Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral C e Coinfecções. Brasília: Ministério da Saúde

Online Disponível em:  http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Elastografia_final.pdf

Frulio N, Trillaud H. Ultrasound elastography in liver. Elsevier Masson. Diagnostic and Interventional Imaging (2013) 94, 515—534